O horrendo cair das máscaras

(Viriato Soromenho Marques, in Diário de Notícias, 09/12/2023)

No dia 5 de julho de 1866, o estudante Nietzsche escreveu ao seu amigo Wilhelm Pinder, sobre os acontecimentos tumultuosos da recentemente iniciada guerra entre a Prússia e a Áustria: “Pode aprender-se muito com estes tempos. O solo que parecia firme e inabalável, vacila; as máscaras caem dos rostos. As inclinações egoístas mostram sem dissimulação o seu horrendo semblante. Mas, acima de tudo, pode observar-se como é escasso o poder do pensamento.” Nietzsche – então um jovem filólogo apaixonado pela Filosofia – surpreendia-se pelo modo como tudo o que parecia familiar e conhecido, estremecia perante o choque das vontades e dos egoísmos dos Estados e seus líderes. Na guerra, quando tudo está em causa, caem as luvas e as palavras macias. A brutalidade do ferro e do fogo toma o centro do palco. Os valores, em vez de justificarem o uso das armas, transformam-se, também eles, em armas ao serviço do puro objetivo de impor a vontade de vencer. A verdade crua do exercício de dominação faz vacilar o pensamento. Estamos a atravessar, hoje, mas no mundo inteiro, um período semelhante de vertigem e desvario.

Nenhum protesto ou apelo a uma lei internacional ou ética universal parece poder travar a crueldade sem nome que está a ser cometida em Gaza contra civis indefesos. A mortandade de crianças, mulheres, jornalistas e funcionários da ONU pelas Forças Armadas de um Estado democrático ultrapassam tudo o que conhecemos desde o final da II Guerra Mundial.

Choca o escândalo de ver descendentes de perseguições milenares transformados em algozes implacáveis. Uma guerra travada num gueto, onde os encurralados, desta vez, são islâmicos. Ninguém interrompe esta matança, porque os EUA precisam duma testa-de-ponte, a qualquer preço, numa região estrategicamente crítica, onde Washington tem acumulado erros. Biden, tão lesto a chamar “assassino” e “ditador” a Putin e Xi, torna-se cúmplice da ignomínia de Netanyahu, escondendo a sua vontade de vingança no direito de defesa de Israel. Na Ucrânia, também os EUA (sempre com a servil UE debaixo do braço), depois de subestimarem grosseiramente a determinação de Moscovo, que há décadas identificara a Ucrânia como a linha vermelha inaceitável para a expansão da NATO, procuram agora atrasar ao máximo o reconhecimento do fracasso da sua estratégia. Em vez de apoiarem as negociações iniciais de paz, alimentaram uma guerra – com o declarado objetivo de causar baixas a Moscovo -, mesmo sabendo que a Rússia não a poderia perder. Na verdade, para além dos danos reputacionais de todos os intervenientes, este conflito já ceifou a vida de centenas de milhares de ucranianos e russos, lançados na fogueira do “horrendo semblante” das “inclinações egoístas”. Um mar de sangue e ruínas, sem culpa, nem remorso.

Neste quadro desolador, a iniciativa do SG da ONU, António Guterres, de impor uma reunião especial do Conselho de Segurança para travar a catástrofe de Gaza, é um ato de grandeza moral e coragem política. O recurso ao artigo 99.º da Carta da ONU só foi usado três vezes na história da organização. Ele vai obrigar os Estados a tomarem posição, tendo a Humanidade como testemunha. António Guterres, que ao lado do Papa Francisco é também o único líder mundial que percebe a gravidade da crise ambiental e climática, mostra, neste gesto, que se não travarmos a desmesura e o impulso de dominação, acabaremos todos por ser devorados pela pulsão de morte que é a sua raiz mais profunda.

Professor universitário

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16 pensamentos sobre “O horrendo cair das máscaras

  1. Não recordas o que o Sr. Luis Inácio Lula da Silva fez recentemente no Conselho de Segurança da ONU? 12 países foram favoráveis à proposta de pausa no genocídio, mas os USA (e Israel, por certo) vetaram-na. O Sr. Guterres e o Papa não são os únicos a defenderem o fim do genocídio, há muitos outros, como o presidente do Brasil.

  2. O tempo mostrou-me que eu estava a sonhar e que continuamos a ser governados por conquistadores sem alma, sedentos de poder e de dinheiro, que conduziram o mundo à catástrofe para a qual estamos a caminhar. A análise é inteligente e racional, mas falta tudo o que toca o coração: o sonho, o entusiasmo, a esperança, a necessidade de encontrar a sua razão de ser.

    Não é uma questão de democracia. Nós somos o povo! O problema é que o povo já não decide. É errado insinuar que a culpa é da democracia.

    O clima, a covid, a Ucrânia, Gaza, os carros eléctricos, guerras, dívidas, energia – a caminho de uma explosão económica? São apenas algumas das questões em relação às quais o nosso apoio ou ceticismo determinará até que ponto nos submetemos ao discurso das forças dominantes.

    Depois de os Estados Unidos terem conseguido separar a Europa da Rússia, o objetivo é separar-nos da China (ver a decisão da Itália sobre a Rota da Seda): temos de ser um mercado cativo, rejeitando a China autocrática e poluidora.
    Vamos ser drenados até ficarmos com os bolsos vazios…

    A Rússia não pode perder, é óbvio, apesar dos erros e avaliações das capacidades do inimigo, a capacidade de adaptação da Rússia está a levar a melhor, como sempre fez desde 1940. Esta é uma constante que a NATO deveria ter tido em conta.
    Ganhar na Ucrânia, depois das ações estratégicas e das vitórias na Síria, equivale a certificar a solidez e a força deste país e a dizer aos atlantistas belicosos que os seus olhos são maiores do que os seus estômagos e que não têm lógica diplomática.
    Por isso, seria espantoso se Moscovo aceitasse um arrefecimento do conflito, porque pode estender o seu domínio para além de Kherson e Odessa, bloqueando o acesso de Kiev ao mar através da Transnístria… E não esqueçamos os períodos eleitorais. Os Estados Unidos e a Europa poderiam utilizar o congelamento dos combates para levar os titulares a renovar os seus mandatos…

    Há também que ter em conta que o enfraquecimento da NATO, nomeadamente no que se refere ao fornecimento de armas, constituirá um verdadeiro problema na Palestina se Israel quiser apoderar-se da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.
    Por fim, os países da Europa, já arruinados pelas sanções idiotas contra os russos, estarão à beira da falência.
    Terão de compensar a retirada do apoio financeiro americano a Kiev. Mas com o quê?
    Então teremos de fazer uma escolha:
    Deixar a Ucrânia cair, tentar renovar as parcerias com os BRICS, ou aceitar morrer pela hegemonia do dólar…!!!!!
    Em conclusão, a guerra vai continuar.

    O declínio do Ocidente é inevitável quando todos os nossos dirigentes, sem exceção, seguem um fantoche dos Estados Unidos que nos conduz diretamente à ruína e à guerra. É preciso mencionar também o movimento “woke” que está a minar as bases da nossa civilização em todo o lado. Putin disse que este movimento arruinaria a América a partir do interior, tal como os bolcheviques minaram a Rússia durante um século.

    Não é Putin que está a ameaçar a democracia na Europa, é a UE e o seu excedente ditatorial (ou “défice democrático”, se preferirem). A transformação dos parlamentos nacionais em câmaras de “transposição” das directivas europeias, o desrespeito aberto pela soberania popular através do desrespeito pelos referendos e pelos seus resultados, a ascensão da extrema-direita num contexto de recessão económica, etc.

    As nossas sociedades estão atualmente sob o jugo de um capitalismo punitivo em que somos explorados por restrições cada vez mais apertadas e por despesas e taxas obrigatórias cada vez mais pesadas, tornadas possíveis pelo espancamento ecofascista e social que retoma a culpa e o miserabilismo que foi sanguinariamente imposto aos nossos povos .
    Atualmente, não são os delinquentes e os criminosos que são alvo da repressão, mas a população em geral, para a escravizar de novo.
    Os bandidos são tão úteis aos governos como os lobos são aos pastores.
    E os servos que foram reduzidos aos últimos degraus da escada de Maslow continuarão a trabalhar cada vez menos, com cada vez menos liberdade e cada vez menos hipóteses de ascensão social.
    E depois vão dizer que o castigo não é rentável. Depende de quem castiga e de quem é castigado.

    As reservas de matérias-primas e de combustíveis fósseis não serão provavelmente suficientes para assegurar o crescimento destes países. Se não conseguirmos encontrar um substituto para o petróleo nas próximas décadas, vai ser complicado para todos. Em suma, é preciso energia para transformar a matéria, mas é preciso que a matéria tenha algo para transformar.

    Se os países ocidentais virem o seu nível de vida cair, haverá pânico e caos. As mudanças são extremamente rápidas, o que significa que, de um dia para o outro, se ficarmos sem petróleo, mesmo que seja uma percentagem relativamente pequena, em poucos dias teremos de resolver quem pode usar o seu carro. Muitos deixarão de poder ir para o trabalho. Se houvesse falta de gasóleo, o abastecimento de combustível e a agricultura seriam complicados. Permitam-me que vos recorde rapidamente que, mesmo que decidíssemos deixar de exportar de um dia para o outro, com o solo devastado e sem fertilizantes, os rendimentos diminuiriam em 30% e teríamos de escolher entre cultivar culturas para alimentar humanos ou animais (que comemos) ou produzir energia verde.

    A maior parte da população (e os nossos dirigentes, o que é muito pior!) não tem consciência do cataclismo que se aproxima, apesar de o vermos um pouco mais todos os dias…

  3. Há efectivamente muita gente a defender o fim do genocídio, no entanto ele continua e continuará.
    Muita gente se mostra espantada com a fúria homicida de Israel.
    A mim não me espanta. Porque tendo sido criado num culto fundamentalista cristão outro remédio não tive a não ser ler a Bíblia de fio a pavio.
    Um povo cuja religião lhes diz que são o povo eleito de Deus, que são os únicos a merecer o favor de Deus, que devem matar todos os que ocupam a terra que lhes foi dada por Deus será por força homicida contra todos os que segundo eles ocupam a terra que lhes foi dada por Deus. E um povo que se julga eleito de Deus também se arroga o direito a decidir que terra lhes foi dada por Deus.Por isso só não será homicida se não puder.
    Se durante séculos de perseguições nunca responderam com a crueldade que vemos hoje foi porque não tinham meios para isso. Se tivessem nem os cães escapavam, tal como não escaparam nem os animais de Jericó nos tempos bíblicos.
    Agora acho estranho tanta perplexidade no Ocidente porque toda a gente tem a Bíblia como matriz e nem que seja uma vaga noção do que lá está escrito. Em especial no chamado Antigo Testamento.
    O problema foi que os israelitas não passaram essa fase. Continuam lá, há quatro mil anos, por muito que se disfarcem de cidadãos do Século XXI. E nos não somos muito exigentes. Para considerar que alguém vive neste século basta que vista calças de ganga e use minissaia se for mulher jovem. E ouca os últimos êxitos da música Anglo Saxónia. A partir daí já pode matar com a crueldade de há quatro mil anos atrás.
    Os ingleses não tiveram mais remédio do que abandonar os palestinianos a sua sorte qusndo o cruel terrorismo do povo eleito lhes começou a cair em cima. Depois da explosão do Hotel Rei David era cair lhes em cima com tudo o que mereciam ou fazer de conta que acreditavam na tal ideia romântica de um pobre judeu errante que não tem pátria nem lar a voltar a terra da promessa.
    75 anos volvidos vamos calando a má consciência dando aos palestinianos umas esmolas, muitas vezes gastas em infra estruturas que o sanguinário exército Israelita destrói no outro dia.
    E ainda achamos que somos bons porque damos mais que alguns países do Sul global, alguns dos quais já sentiram na pele invasões do Ocidente e outros sofrem sanções e bloqueios vários.
    De certeza que os palestinianos preferiam nao receber um tostão mas não terem sido escolhidos para pagar os crimes do Hitler, dos progoms e das inquisicoes. Que nenhum dos três perseguiu so judeus mas isso também não convém dizer muito alto.
    Um bravo a coragem do Guterres, que se tem mostrado à altura. Devo confessar que não esperava tal espinha direita sabendo nos o poder de Israel e das suas quintas colunas espalhadas pelo mundo.
    É claro que tudo isto é um embaraço de todo o tamanho para um Ocidente que passou os últimos dois anos a alardear uma superioridade moral sobre a Rússia que agora provou de vez que não tem. Não que já não tivesse provado nas guerras do Afeganistão, Iraque e Líbia, onde os crimes foram mais que muitos. Mas, agora, graças a coragem dos jornalistas, quase uma centena dos quais já pagaram com a vida, estamos a assistir a um genocídio em directo.
    E se assim não fosse, o desbocamento dos nazionistas, que se, sabem impunes, dariam uma boa medida do que lá vai.
    As máscaras já tinham caído há muito, só não viu quem não quis mas agora é impossível dizer que não sabiamos ou que não foi tão mau assim. Como na pulverização de boa parte das cidades libias. Nem terras no meio do deserto escaparam. E isto é sem dúvida uma grande chatice para o Ocidente. Se ao menos os palestinianos morressem sem fazer barulho. Vão ver se o mar dá choco.

  4. E ninguém me fala nos esforços do Hamas para salvaguardar a população de Gaza dos efeitos da campanha militar?
    Como podem injustiçar quem tão denodadamente sempre busca o Bem dos Palestinos?

  5. A única maneira de salvaguardar os civis da selvajeria do povo eleito era ter uma boa defesa anti aérea, armas, armas e mais armas. Coisa que toda a gente sabe que não teem.
    Para os pro israelitas claro que ninguém devia atacar aqueles trastes nem com uma flor. Deviam esperar calmamente pela sua, vez, de dar as suas casas aos colonos, aceitar os trabalhinhos de corno que lhes quisessem dar, viver uma vida de ignomínia e submissão, a morte em vida que o povo eleito lhes quisesse dar.
    Quanto tempo é que achas que sobrevivias em Gaza mesmo sem o massacre em curso? Com fome, com sede, com falta de tudo, com medicamentos racionados, pelo menos fizeram lhes o favor, claro que a ideia não era essa, de não lhes enfiarem vacinas covid no bucho?
    São uma cambada de tenrinhos, doi lhes uma unha correm para a porta do Centro de Saúde, queixam se se vao ao supermercado e não há bifes da vazia e depois acham que viviam uns vida inteira no campo de concentração de Gaza ou na Cisjordânia sem se revoltar. Cambada de aldrabões.
    Olha, a Siria também está a ser bombardeada pelos trastes e os prejuízos so não são maiores porque ha bons sistemas anti aéreos made in Russia.
    Por acaso a Síria nos últimos tempos atacou Israel? Como é que justificam mais esta selvajeria do povo eleito? Vai ver se o mar dá choco.
    Não é o Hamas que está a bombardear o seu próprio povo. São os selvagens que vivem há, quatro mil anos e que por muito menos já fizeram muitas atrocidades em Gaza. Mas há gente que é como os trastes que culpavam os resistentes na França, Grécia e Europa de Leste pelos fuzilamentos nazis.
    Reinhardt Heidrich foi executado e seis mil pessoas foram mortas pelos nazis. De quem foi a culpa, dos que executaram um assassino ou dos nazis?
    Quem hoje justifica Israel também justificaria os nazis. Pelo menos são iguais a si próprios, nunca usaram máscaras. Não deixam é de estar a precisar de ir ver se o mar dá choco.

  6. Viriato Soromenho Marques, que eu já critiquei aqui pelo caráter dúbio dos seus textos, tem desta feita uma intervenção aceitável, pelo menos.

    Não lhe vou chamar “análise”, porque não o é, ele não analisa coisa nenhuma, limita-se a dissertar vagamente sobre os acontecimentos de uma forma que em nada contribui para a compreensão dos mesmos por parte de quem o lê. Da forma como ele apresenta os factos, parece até que eles resultam de uma fatalidade inerente à natureza humana. Não é que isso não tenha uma ponta de verdade, mas se situarmos a nossa visão sob esse ponto de vista nunca conseguiremos compreender a verdadeira raiz do problema.

    Seja como for eu próprio não estou muito motivado no dia de hoje para desenvolver este assunto, que de resto já abordei aqui por diversas vezes. Terá de ficar para outra altura, quando me chegar a paciência.

    Lamentar apenas que Soromenho, entre outras “coisinhas” menores facilmente identificáveis, não tenha conseguido evitar falar nas “perseguições milenares” a que foi sujeito o povo judeu, nas quais não esteve de maneira nenhuma sozinho e que ele próprio também não deixou de perpetrar quando teve essa possibilidade (ler por exemplo o Antigo Testamento da Bíblia p. f.) numa altura como esta, quando esse assunto não tem absolutamente nenhuma relação com a situação presente e só pode ser encarado como forma subliminar de justificar o massacre sionista. E também não gostei de que ele tivesse caraterizado a ação genocida dos fanáticos sionistas como “vingança”, o que é uma outra desastrada tentativa de a desculpar. E quero dizer ainda que era muito desnecessário repetir novamente a frase emblemática dos defensores sionistas, de que o Estado de Israel é uma “democracia”. O que ele simplesmente não é.

    É sempre interessante verificar como a mentira se dissimula e se esconde nas entrelinhas da verdade, como uma serpente venenosa antes de dar o bote, em praticamente todos os textos dos patéticos ideólogos burgueses.

    Uma frase a reter, dissociando-a um pouco do contexto em que foi proferida, é aquela em que Soromenho diz, com referência às guerras passadas, que “estamos a atravessar, hoje, mas no mundo inteiro, um período semelhante de vertigem e desvario.”

    Ele pode crer que sim.

    Não se pense que a Rússia deixará passar sem consequências a perda fútil, absurda e perfeitamente desnecessária de dezenas de milhares dos seus jovens que, devido à perfídia das elites ocidentais e aos seus intermináveis planos sujos de domínio dos outros povos, encontraram a morte na Primavera das suas vidas, nas estepes ucranianas.

    Voltando a citar Dmitry Orlov de acordo com as lições da História, há dois erros estratégicos graves que as nações não devem nunca cometer.

    1. Entrar em guerra com a Rússia;
    E,
    2. Entrar em guerra com a Rússia.

    Chegará a altura de pagar. Para os russos tudo tem o seu tempo. O Joaquim Camacho ainda terá direito aos seus belos cogumelos laranja.

    Para terminar, expressar o meu acordo a respeito do reconhecimento de Soromenho sobre a recente iniciativa de António Guterres na ONU. Ela vai ao encontro do que também eu penso daquele que, ao tempo em que era Primeiro ministro de Portugal a beneficiar de maioria absoluta, tomou a iniciativa de se demitir por se recusar a pactuar com o pantanal de corrupção em que se tornara o seu Governo Socialista.

    Caso esta sua desesperada proposta não venha a singrar, o que tudo indica que virá a acontecer pelos vetos mais do que prováveis dos EUA e da Inglaterra no “Conselho de Segurança” (as aspas são propositadas), eu espero que ele tenha a mesma coerência que demonstrou no passado e se demita do cargo, justificando essa decisão com a falência total da ONU na sua forma organizacional presente.

    De qualquer maneira a carreira política de Guterres a nível internacional já foi pelo cano. E eu pessoalmente gostaria de que ele soubesse acabar com dignidade.

    Claro que uma atitude como essa não iria alterar absolutamente nada no regabofe que carateriza aquela organização putrefacta, da mesma forma que a sua outra iniciativa nada alterou na Política em Portugal.

    Mas as ações, para o bem e para o mal, ficam com quem as pratica.

        • Claro que leio. E embora não subscreva tudo (man on the Moon…), as concordâncias são muitas e, nestes tempos desgraçados de estupidez, ignorância e subserviência de hordas de lemingues, é sempre agradável saber que ainda há Sapiens excêntricos que perdem tempo com essa horrível e pecaminosa extravagância que é pensar e queimar pestanas para fundamentar a pensância.

  7. As pessoas teem o direito de ser desumanas em nome dos direitos humanos que lhe assistem. Nada a fazer.
    O patife do Anthony Blinkenn já reivindicou ascendência judaica e tratou de ir desencantar um padrasto descendente de campos de concentração.
    Achamos lógico que cidadãos europeus e americanos queiram ser respeitados por cá, terem os seus direitos por cá, mas depois reivindicarem se como judeus e como tal com direito a apoiar todos os crimes dos seus primos israelitas.
    Desde sempre jovens judeus residentes na Europa e Estados Unidos foram fazer uma perninha no sanguinário exército de Israel. Depois de lá matarem, espancar em, violarem e expulsarem palestinianos das suas casas e terras voltam para o remanso de terras onde não há bombas e ninguém lhes faz perguntas.
    E ninguém lhes chamou fanáticos, nem assassinos como chamaram, e bem, a, quem se juntou ao estádo islâmico.
    Embora cá me parece se, tal como planeado, aqueles bandos, armados com armas ocidentais, com carros de marca, teem conseguido fazer a Al Assad o que fizeram ao Kadhafy rapidamente, sem chamar atenções, a conversa seria outra, eles governariam na Síria e ninguém faria perguntas. É qualquer regressão séria atribuída a selvajeria daquele povo, na realidade fanático religioso, apesar da ditadura terrível lhes impor a laicidade, que os levaria a, aceitar coisas daquelas.
    Na primeira tomada de poder pelos talibas, quando o presidente foi linchado e o corpo deixado a secar ao sol como um bacalhau, fanáticos começaram a cortar maos em plena rua e a decapitar, foi dito curto e grosso que o Afeganistão era um país medieval por isso as pessoas iam aceitar aquilo.
    Só se começou a falar das pobres vítimas dos talibas uns bons anos depois, porque deu jeito, porque se deu o 11 de Setembro. A não ser assim aqueles bárbaros tinham estado descansadinhos sem interrupções. Afinal de contas, trastes desses até nos dão jeito quando se trata de diabolizar os muçulmanos e afirmar a superioridade moral do povo eleito. E para o senhor Viriato só agora é que as máscaras caíram.
    Quando na Líbia as mulheres com vestes islâmicas garridas e claras, por motivos óbvios de calor de porco, começaram a aparecer vestidas de preto a maneira Saudita um patife que foi meu chefe saiu se com um “algumas até gostam”. Ao que tive de responder “se o chefe fizesse parte da metade da população que não tem picha desconfiava muito destas libertacoes”.
    A diferença na Síria é que as circunstâncias eram outras, a Rússia viu que, era hora de acordar e os barbudos do estado islâmico não puderam contar com a ajuda das nossas valorosas forças armadas. Como puderam contar os valorosos libertadores da Líbia que mataram mais de 50 jovens trabalhadores egípcios numa praia só porque eram cristaos.
    Se apoiamos esse tipo de trastes porque é que não apoiamos os eleitos de Deus?
    Faz sentido, mas para certos bons espíritos so agora é que se deu o horrendo cair das máscaras. Vão dizer isso às famílias dos bombardeados na Líbia, as famílias dos jovens egípcios degolados frente ao mar, as famílias dos jovens soldados sírios obrigados a abrir as próprias sepulturas, as famílias dos cristãos crucificados.
    As máscaras caíram ha muito e por isso hoje temos Bkinken a gozar com a nossa cara afirmando o compromisso dos Estados Unidos com os direitos humanos. Ao mesmo tempo que vota sozinho contra a paragem do massacre perpetrado pelo povo eleito e conta com esse mesmo povo para mostrar aos sírios que isto ainda não acabou.
    E só agora é que o senhor Viriato viu que as máscaras caíram. Digamos que é um despertar tardio. Também podia acompanhar o fiscal residente e ir ver se o mar dá choco.

  8. E sim, o povo eleito sempre que pode matou sem do nem piedade. Tal como os vikings, de quem os nazis ucranianos se afirmam descendentes. Enfim, gostamos de apoiar boa gente.
    Espero é que pelo menos aqueles trastes ucranianos nunca tenham aplicado a ninguém a tortura da águia de sangue mas tenho as minhas dúvidas.
    Aliás os vikings são outra canalha que os historiadores tratam de branquear hoje provavelmente graças ao poder económico que os países nórdicos conseguiram.
    Seriam só uns coitadinhos que até cultivavam as terras, quando eram demais porque não havia televisão ou o inverno era frio e que não tinham mais remédio que ir pilhar a sul. Em comerciar vendendo bacalhau, ou bifes de baleia, ou madeira, ou qualquer outra coisa em troca do que lhes fazia falta não pensavam coitadinhos, era o frio que lhes tolhia as ideias.
    Ora na raiz disto estava também uma religião nefasta pois que aquela malta achava que quem não morresse em combate não ia para o paraíso. Morrer de velhice ou doença não lhes dava bilhete de entrada. Assim se criou uma raça de guerreiros impiedosos e pilhantes que devastou a Europa.
    Como a religião que garante a um povo que é eleito de Deus e superior a todos os outros. Por isso sempre que puderam trataram de matar inferiores com toda a limpeza. Vão ler o Antigo Testamento bem lido e talvez deixem de se espantar com a selvajeria de Israel.

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